JOÃO 8:68
O ser humano desenvolveu a incrível habilidade de se adaptar a qualquer situação, seja ela boa ou ruim. A fim de explicar tal afirmação destacaremos três fases da adaptação, e para isso, tomaremos como exemplo uma pessoa que perdeu o seu automóvel e agora precisa adaptar a sua vida a esta nova e desafiadora realidade.
Imaginemos uma pessoa habituada a uma vida de comodidade, ao que se refere a sua locomoção, tendo sempre um automóvel a disposição para a execução de suas tarefas diárias. Entretanto, esta pessoa cometeu alguns equívocos e infelizmente teve que se desfazer de seu carro. Uma nova realidade está posta e é necessário que ocorra uma adaptação de todo o seu estilo de vida.
A primeira fase a ser vivida no processo de adaptação é o “estranhamento”, uma sensação permanente de que algo lhe está faltando. Provavelmente nos primeiros dias essa pessoa perderá ou chegará atrasada a alguns de seus compromissos, cometerá equívocos nas escolhas do “melhor” ônibus ou não estará a par dos horários aos finais de semana. Porém esta é somente a primeira fase.
Na segunda fase, o “ajustamento” começa a ser percebido. Os horários já começam a se tornar conhecidos, os macetes começam a ser utilizados, novos caminhos se tornam possíveis, e um novo horizonte se torna visível.
Na terceira e última fase, há um “enquadramento” sob as condições existentes. Por mais que seja terrível permanecer algum tempo no ponto de ônibus e depois algum tempo apertado dentro do ônibus, a lembrança de que já se teve um carro é somente uma lembrança. Neste ponto toda a vida está adaptada.
Em nossa vida espiritual acontecem coisas similares, e a nossa capacidade de adaptação se torna na verdade um grande risco. Quando vivenciamos a intimidade de Cristo tudo em nós se faz completo e vivemos a plenitude da verdadeira vida. Porém, alguns descuidos nos fazem retroceder. A partir deste ponto, buscamos uma acomodação ou uma adaptação a esta nova realidade e acabamos vivenciando cada uma das fases descritas anteriormente.
No início tudo é estranho, as orações são mecânicas e as lágrimas não fluem mais. Depois passamos a nos acostumar a não orar mais e os momentos devocionais parecem perda de tempo. E, por último, enchemos nossas vidas de coisas sem sentido e não temos tempo para mais nada... Nem para Cristo.